Faz um tempo né... eu sei. Trabalho. Ônibus. Chega em casa mal come. Toma um banho. Coloca o massageador no pé. Dorme mal. E repete tudo outra vez.
Desde que comecei a trabalhar percebi certas mudanças. Mudanças nas quais eu achei que não existiam, mas sim, existe.
— Oi amor! Tá indo pro trabalho? Bom trabalho. 😊😊😊😊
— ah ela vai trabalhar, preciso ver o horário que ela chega, tadinha, chega muito tarde...
— Estou tão orgulhoso de você. Quero chorar. Comprei mimos.
— Estou totalmente a sua disposição.
Essas foi algumas das coisas que ouvi, eu ouvi bem mais acredite. Me tratam bem, não me olham que desdém, como se eu fosse do bando.
Minha mãe ainda tenta comparar o trabalho dela com o dos outros. Mas me respeita agora.
Antes eu não era uma pessoa pelo visto: era um estorvo, um peso, uma garota que fica ali o dia todo a disposição, e que ninguém sabe quando vai dar certo. Mesmo todo mundo sabendo das dificuldades que tenho.
Mas isso não impede do ser humano me julgar. E pensar o que quiser de mim. Mesmo eu carregando cicatrizes tão horríveis no meu corpo. Eu trabalho com uma peça de roupa chamada - manguito-
Ele geralmente é usado para quem vai dirigir ou andar de bicicleta no sol. Eu uso nos dois braços mesmo precisão porque provavelmente iria atrair curiosidade se eu usasse só, como na academia.
Ninguém me falou que preciso usar isso, foi uma opção minha. Afinal é muito complicado. E como eu disse é bem visível.
Estou indo agora. Estou quase caindo de sono ainda
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