sábado, 25 de novembro de 2023

O barulho do teu silêncio está alto demais


 pensei antes de escrever esse texto. Pensei. falei com a psicóloga, disse o que estava sentindo, e meio que não deu em muita coisa. 

eu sempre fui muito sozinha. Fiquei dos meus 13 anos até os 22 por aí, morando sozinha. Minha mãe trabalhava e dormia no trabalho. sempre valorizei o esforço dela. Sempre! 

mas a minha mãe é uma mulher que nunca se agrada de nada. Terminei o colegial ( não fez mais o que o seu trabalho, você não faz droga nenhuma ) Conclui um curso de quase dois anos. Pedi que ela fosse ir na minha apresentação final. ( Hãhhh eu trabalho!!!) 

Casei. Em todas as fotos ela está com a cara de terror e abismo. 

a minha mãe sempre foi uma enorme incógnita para mim. Não sei quem ela namorou, não sei quando perdeu a virgindade, não sei como foi que ela engravidou de mim. Não sei se ela realmente amava meu pai. Não sei de nada.

sei que me teve com 35 anos. E que eu tive um problema no qual tive que ficar internada. Sei que nasci prematura. Sei que ela iria se casar, dizem que era com um tal de João. Mas ela desistiu. mas nunca jogou o jogo de cristaleira que ganhou, fora. 

não sei de nada

sei das coisas básicas: eu não queria voltar pra essa casa; no fim do ano eu vou embora; eu não aguento mais; fica longe de mim; cuida da sua vida que eu cuido na minha; não mexe na minhas coisas porque eu não mexo na suas. 

Era como viver com uma amiga! Ela trazia comida e roupas, porém não queria saber nada sobre mim. Sempre houve esse distanciamento.

Eu nunca vi minha mãe chegar e falar: Filha o que está acontecendo, quer conversar? 

Nunca. 

Acho que isso acontece eu infarto. Geralmente ela só reclama, e fica de cara feia. E quando falou que vou embora, ela faz a show dela. E eu estou em declínio, como um carrinho de rolemã em alta velocidade na ladeira. 

Vou bater em algum lugar, e provavelmente vou morrer. Mas continuo aqui, marcando minha presença e sentindo a ausência emocional dela.

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