segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Sinos 🎼

 


Não sou livro aberto que as pessoas acham que podem ler. Posso parecer fácil de se entender, mas não sou. Enigmas, sujeira, pó, e caixas estão espalhadas por todos lugares dentro de mim. 

Não ache que temos intimidade. Não ache que me conhece. Não ache que vou sentar com você e pedir um café, e falar com você sobre um futuro que planejei quando tinha 15 anos. 

Eu risquei meu corpo com lâminas quando eu tinha 20 anos. Sou misto de cores, rabiscos, desenhos, estrias, e cicatrizes hipertróficas. Sou jogo que ainda não sabem decifrar. 

Uma vez eu estava na minha cama, e quando abri meus olhos vi uma grande cabeça de viking flutuando. Pensei, enlouqueci de vez. Provavelmente era só efeito das dezenas de drogas que tomava por dia. 

Homens sem cabeça, papiros antigos, aranhas albinas me faziam companhia anos a fio enquanto eu estava nesse quarto mofado. Eu não tinha luz e nem esperança.

Ainda hoje não tenho, a Lua que existiu 2011 morreu de alguma forma. Só não sei como, eu matei ela com vodka e suco de Dell vale de laranja. 

Hoje sou uma pilha de cadernos e memórias perdidas. Remédio tarjas pretas. Cortes e cicatrizes. Lâminas velhas e sujas. Abuso de remédios. E dores. Quarta está chegando, e eu provavelmente irei chorar, irei querer fugir, irei quer me machucar. 

Toquem os sinos da igreja. Está na hora da garota morta levantar da catacumba. 

2 comentários:

Gugu Keller disse...

Minha vida caos incauto é de cais falto um alto mar.
GK

Lua disse...

Minha vida é um balanço, uma hora tá indo pra frente, e outra hora só vai pra trás 😐