Broken heart

 

Um dia quando eu não mais existir, só irá restar fiapos de mim. Eu lembro em 2015, quando deixei a porta e o ladrão entrou e roubou tudo que eu tinha. Eu fiquei sozinha na escuridão. Não tinha um ponto de luz, que eu pudesse me guiar. 

Abri feridas em mim, na tentativa falha de entorpecer o que eu estava sentindo. Saudades. Vazio. Frio. Silêncio. Dor. Decepção. Cortava e cortava, afim de que tudo aquilo passasse. 

Até tomei alguns comprimidos, não lembro quantos. Me vi grogue e fraca, estavam construindo a churrasqueira. E eu fui até lá, descalça. A altura não era lá grandes coisas, mas talvez eu caísse de cara em algum ferro de coluna. 

Até que alguém tirou minha atenção, e eu saí do local. Eu estava tão no fundo do poço, tão chateada. Tão imersa naquela dor, que eu não sabia o que fazer. 

Foi anos para aprender que nem tudo a gente tem controle. Foi assim mais uma vez, em 2017. Até que por fim, eu quebrei o laço. Prometi para mim mesma, que se me colocaram na escuridão e eu iria aprender a enxergar lá sozinha. 

Foda se. 

E agora em 2022, a porta estava quase abrindo novamente. E eu fiquei me perguntando: quando eu deixei a guarda abaixada? Quando me tornei fraca e imbecil de novo? Eu não aprendi a lição por duas vezes? Melhor 3. 

Estava louca para cravar um canivete na minha coxa. Mas quando estava a caminho de casa, falei: Não! Eu falei que não iria fazer isso de novo, por ninguém. Eu não aceito. Foda se o que eu estou sentindo e pensando agora. Eu resolvo matar isso e jogar numa cova funda e enterrar. 

Eu sou uma mulher agora. Não sou uma garotinha que fica se escondendo atrás de sentimentos e reações bobas. Se for necessário, eu corto a cobra e separo ambas as partes, para que ela não reconectar. 

Tudo depende do valor que você da. E apesar só escuro parecer frio, vazio, e silencioso. Eu prefiro conviver com ele, do que viver com a porta aberta.