Carta aberta para minha mãe

 

Eu e a minha mãe nunca fomos próximas. Poucas vezes ouvi coisas carinhosas da parte dela. Como “ parabéns pela sua nota!”, “ você é linda filha ”, “ eu tenho orgulho de você ”. Nunca ouvi nada disso. Nem mesmo quando me casei. Ela é seca por dentro, sempre achei e sempre vou continuar a achar isso. Eu ouvi um eu te amo da minha mãe quando eu tinha 8 anos. Porque fiquei sem comer o dia todo, e fiquei já calçada esperando o meu pai. Que obviamente nunca veio. Ela teve que sair do trabalho dela, e vir dizer que meu pai não ia vir. E que só tinha eu e ela, e isso é difícil para uma criança de 8 anos entender. 

Ali ela foi mãe em alguns minutos. Mas depois ela foi apenas progenitora, me alimentou, me vestiu, cuidou da minha saúde física. Mas ela não quer saber se estou bem, se estou mal, se quero ou não morrer. Dentro da cabeça dela, pessoas como >eu< são loucas, preguiçosas, inúteis, vagabundas, e dementes. Ela sempre que pode ela ataca pessoas com depressão. E eu tenho depressão, ou seja ela só está expondo as opiniões que ela tem sobre mim. 

Quando contei que eu me cortava, e mostrei as pernas e os braços. Ela teve uma “crise”, mas duvido muito que foi pelo fato de eu ser uma pessoa assim. Mas ela deve ter pensado... EU FALHEI? COMO?  Minha mãe narcisista e extremamente controladora. Ela já me bateu e dizia enquanto me batia que era perfeita. Mas ela não passou pelo que eu passei. Ela não valida a luta que eu lutei. 

E eu não digo que foi somente a depressão. Mas sim os 13 anos anos morando naquele lugar. E nem mesmo assim foi o suficiente para termos uma relação de mãe e filha. Ela me trata como uma coisa que ela pariu. E que ela tem que ajudar, talvez ... Para ninguém falar dela. Minha psicóloga diz que é a única maneira dela amar, eu digo besteira, não existe isso. 

Ou você ama uma pessoa, ou adula é ela. E eu não quero ser adulta com roupa, comida, e eu quero uma mãe que me entenda, me de conselhos, me ouça,  e que eu também escute ela. Além dela ser muito crítica com tudo. Nada para ela é o bastante. Ela até mesmo fez pouco caso do salário do meu marido. 

Nós vivemos em paz, nunca brigamos. Porém a frieza já diz tudo. Ela quer que eu aguente tudo, e não reclame de nada. Pelo menos não para ela. Quantas vezes fantasie em estar enforcada e ela me encontrar morta. Quantas? E deus me dar oportunidade de ver a reação dela. Para ver se pela primeira vez ela tem algum sentimento de mãe. Eu sei que mãe cuida do filho. Mas eu quero amor! AMOR! E isso eu não tenho. 

Sexta- feira eu estava acabada. Eu queria muito, muito, que alguém me desse uma palavra boa. Eu estava chorando no sofá, chorando, perdida,  ela olhou para minha cara e perguntou se eu fiz suco! Eu não estou mentindo minha gente. Não se faz isso, mas na cabeça dela ela deve pensar. Se ela arrumar um trabalho ela não tem tempo de chorar. 

Porque essa é a segunda desculpa dela. Trabalho. Cansada. Trabalho. Cansada. Eu simplesmente desisti. 

Eu vou andar na vida até aonde eu conseguir. Se de repente eu não conseguir mais. E parar de escrever aqui, é que eu desisti meus amigos. Esse fim de semana foi o ponto final de todo estresse que eu passei. Eu cheguei a um ponto tão grande que eu achei que eu ia ter um treco. E quando eu andava na via, achei que eu ia pular na frente de ônibus. Então eu quando eu digo, que tudo passou do meu limite. Tudo passou do meu limite.