tem alguém me oferecendo amor, me oferecendo outro caminho, e não qualquer pessoa. É alguém que tenho muito carinho. Tiros perfuram minha alma, meu corpo já não sente as balas perfurando o meu corpo
Estou numa rua vazia, num chão frio, meu sangue escorre por algum bueiro ou vala. Fecho os olhos e penso — é hoje que eu vou realmente ir?!
quando abro os olhos vejo ele lá. Não. Não tem cavalo, não tem carruagem, não tem nada disso tem apenas uma mão, decidida a me tirar. Meu corpo está penso, está baleado, está sangrando, provavelmente irei suja-lo com essa bagunça que eu fiz.
Mas ele parece não ligar, ele parece que quer me por em um ninho, e me ninar até passar.
São 01h03 e sons de tiro em um jogo de vídeo qualquer. Tem minha mãe dormindo um sono pesado com apneia em algum lugar. Tem uma música triste saindo pelo alto falando de um só manchado. Te minha gata. Tem minha cachorra dormindo.
Todos somos uma bala em alguma arma. Depende quem queremos atingir. Nesse momento perfuram meu corpo, e meu coração. Eu sou aquilo que se encontra num final do dia. Um rosto familiar, um rosto para quem vai voltar. Mas também sou um rosto que não deveria estar lá.
Algum dia não estarei, sobrará palavras, desenhos, quantidades absurdas de comprimido, cicatrizes, segredo podres, e roupas que serão doadas para alguma igreja ou bazar.
A pior coisa é ser descartável. A pior coisa é ser insuficiente. A pior coisa é respirar querendo estar abaixo da terra. A pior coisa é amar e não ser amado

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