sábado, 17 de maio de 2025

Desorgulho

 


Sinto que nunca dei orgulho aquela mulher, nunca, nem quando escrevi 8 páginas de redação. Nem quando tirei 10 em uma prova. Nem quando fui a melhor da sala. Nem quando perdi a virgindade maior de idade. Nem quando casei com o homem que perdi a virgindade. Nem quando não engravidei na adolescência. 

Nunca. 

Parece que sempre fui um grande peso de desorgulho na vida dela. Eu sinto grandes olhos de desprezo e nojo, em cima de mim. Será paranóia? Obviamente que não. Pois perguntei uma vez para ela. E ela disse que eu não seria capaz disso, e tava tudo bem. 

Como assim tudo bem??? Minha mãe sabe muito bem como cravar uma enorme estaca no peito de uma pessoa. Pois devem ter cravado no dela. Mas cravar no peito da própria filha? Pois é, para mim era novidade também. Mas o que eu posso dizer também? Filha gorda. Desempregada atualmente. Não tem ensino superior. Não tem uma casa. Não tem filhos. Não é bonita. Não tem carro. Não tem casa de veraneio. Não tem algo para se orgulhar. 

Deprimente.

Na idade dela, pelo menos deveria ter alguma coisa. Eu tenho um punhado de cortes. E ainda por cima, tenho um marido que me ama para esfregar na cara dela. ( Não sei se isso a incomoda, já que o meu pai não ficou com ela, ou abandonou todas as vagabundas por ela ) 

Sempre tive a teoria que ela me odiava ou algo do tipo porque eu era o lembrete que meu pai era o karma dela. Esta semana ela disse que eu era a coisa mais importante da vida dela. Mas eu não acreditei. Porque eu nunca fui. É só fazer as contas, me deixou nunca casa horrível, sofri só Deus sabe, quando contei não acreditou, depois anos sozinha. E outras milhões de coisas. 

Minha terapeuta diz que minha mãe ama de um jeito peculiar. De um jeito dela, eu digo que isso é balela, que ela é relapsa. Mas ela insiste. Se ela me amar, olha, estou preocupada com quem me odeia. 


quinta-feira, 8 de maio de 2025

Sumi, eu sei...

 Aconteceu muitas coisas e eu não vou conseguir lembrar do que se trata. A primeira coisa que obviamente eu lembro é... 

Que um dia desses aí eu surtei porque estava gorda, e não sai mais de casa. Acho que não sei mais fazer nada disso. Nem emagrecer, nem escrever, nem pensar, parece que minha cabeça entrou num looping infinito de reclamações e lamúrias. 

O que tivemos foi minha mãe de férias, minha mãe estressada, meu avô querendo morrer, eu gorda surtando. Apesar de que nada disso adianta em absolutamente nada. Essa é verdade. Acho que é por isso que nem fiz questão de vir aqui. Escrever e reclamar não muda nada, continua um infinito de reclamações.

Eu só estou aqui para dizer que estou viva. E que ainda, AINDA não morri....